Você já ouviu que “toda pessoa com Down é um anjinho”?
Pode até parecer um elogio. Mas essa ideia, por mais bem-intencionada que pareça, não faz justiça à complexidade e diversidade das pessoas com Síndrome de Down.
Esse rótulo de “dócil” pode funcionar como uma gaiola disfarçada de carinho, limitando as possibilidades de desenvolvimento e autonomia.
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## Por que o rótulo de ‘bonzinho’ pode ser perigoso?
🔸 Na família:
• A criança pode ter sentimentos como raiva, frustração e teimosia, como qualquer outra.
• Se esses sentimentos são reprimidos, ela pode ter dificuldade de dizer “não” e impor seus próprios limites.
🔸 Na escola:
• Professores podem subestimar o aluno, oferecendo tarefas fáceis demais.
• Comportamentos normais de agitação podem ser vistos como “problemas” e levar à exclusão.
🔸 Na saúde:
• Dor física ou emocional pode ser ignorada, pois se espera um comportamento “dócil”.
• Um “mau comportamento” pode ser, na verdade, um pedido de ajuda.
🔸 Na vida adulta:
• Tratar um adulto como uma criança impede que ele seja visto como profissional, cidadão e indivíduo completo.
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## O que a ciência diz?
📚 Estudos mostram:
• Pessoas com Down têm uma enorme variedade de personalidades.
• Há quem seja mais calmo, mais extrovertido, mais agitado, mais tímido…
• Condições como TDAH, ansiedade, teimosia e hiperatividade também estão presentes.
🧠 A única coisa em comum entre elas é a trissomia do 21. O resto é individualidade.
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## Docilidade ou Passividade?
Muitas vezes, o que vemos como docilidade é, na verdade, passividade: dificuldade de se impor ou reagir.
E isso é um risco real.
✔️ Vulnerabilidade a bullying, abuso ou exploração.
✔️ Dificuldade para se defender ou dizer “não”.
❗️ O oposto de passividade não é agressividade, e sim assertividade.
Assertividade é:
• Expressar sentimentos com clareza e respeito.
• Defender seus direitos sem atacar o outro.
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## Como a terapia e a família podem ajudar
🔹 Terapia comportamental:
• Ensina a reconhecer e nomear emoções.
• Treina habilidades sociais com encenações (role-playing).
• Trabalha autodefesa: ensinar frases como “pare, eu não gosto disso” é libertador.
• Valida sentimentos: raiva e tristeza são humanos e não devem ser reprimidos.
🔹 Família:
• Incentive a expressar vontades e fazer escolhas.
• Dê espaço para a pessoa discordar e ser quem ela é.
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## Respeito é enxergar a pessoa inteira
Pessoas com Síndrome de Down não são personagens doces de propaganda.
São seres humanos completos, com alegrias, medos, frustrações e desejos.
📌 Promova autonomia, não dependência.
📌 Incentive a assertividade, não a passividade.
📌 Veja a realidade, não o estereótipo.
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Respeito de verdade começa quando enxergamos o outro por inteiro. 💙