Todos os posts de Dani Freitas

Megalomania e Esquizofrenia: O Que Liga Esses Conceitos?

A megalomania, ou delírio de grandeza, é um sintoma frequentemente associado à esquizofrenia, especialmente durante episódios psicóticos. Trata-se de uma crença exagerada e irreal de que a pessoa possui habilidades extraordinárias, grande poder ou importância. Esses delírios refletem uma desconexão com a realidade e estão entre os tipos mais comuns de delírios observados na esquizofrenia.

Como a Megalomania se Manifesta na Esquizofrenia? 
Na esquizofrenia, a megalomania pode surgir de diferentes formas: 

Crenças Irrealistas: A pessoa pode acreditar que é uma figura histórica importante, como um grande líder ou rei. Por exemplo, alguém pode afirmar ser o salvador da humanidade ou ter uma missão divina especial. 
Sentimento de Invulnerabilidade: Indivíduos podem acreditar que possuem poderes sobrenaturais, como voar ou ler mentes, ou que são imunes a qualquer dano físico. 
Atribuições Exageradas: Podem acreditar que possuem riquezas imensas ou controle sobre instituições poderosas, como governos ou organizações globais. 

O Que Causa a Megalomania na Esquizofrenia? 
A megalomania está relacionada a alterações no funcionamento cerebral. Aqui estão os principais fatores: 

1. Disfunção Dopaminérgica: A dopamina, neurotransmissor ligado à percepção e recompensa, está desregulada na esquizofrenia, causando interpretações distorcidas da realidade. 
2. Alterações no Córtex Pré-Frontal: Essa região do cérebro, responsável pelo julgamento e autocontrole, pode estar prejudicada, levando a ideias grandiosas. 
3. Mecanismos de Defesa Psicológica: Em alguns casos, a megalomania pode ser uma tentativa de lidar com sentimentos de insegurança, criando uma realidade alternativa onde o indivíduo se sente superior. 

Impacto na Vida do Indivíduo 
A megalomania pode ter consequências sérias, afetando vários aspectos da vida: 
Relações sociais: Os delírios podem gerar desconfiança ou comportamentos inadequados, prejudicando vínculos. 
Tomada de decisões: A pessoa pode ignorar conselhos ou assumir riscos perigosos por acreditar ser invulnerável. 
Adesão ao tratamento: Ideias de grandeza podem levar à rejeição de cuidados médicos. 

Como Tratar a Megalomania na Esquizofrenia? 
O tratamento da megalomania inclui uma combinação de abordagens: 
Antipsicóticos: Medicamentos que ajudam a estabilizar o sistema dopaminérgico, reduzindo os delírios. 
Psicoterapia: Estratégias terapêuticas para ajudar o indivíduo a questionar suas crenças e se reconectar com a realidade. 
Apoio Familiar: Um ambiente familiar acolhedor e informado é essencial para promover a recuperação e adesão ao tratamento. 

A Vida Além dos Delírios 
A megalomania na esquizofrenia é um exemplo de como a mente pode criar percepções grandiosas para lidar com desordens internas. Com o tratamento certo, é possível minimizar esses delírios, promover maior contato com a realidade e melhorar significativamente a qualidade de vida do indivíduo. 

Se você conhece alguém que passa por isso, compartilhe esta informação. O apoio e a conscientização podem fazer toda a diferença.

Os pais não sabem brincar com seus filhos autistas. Será mesmo?

Brincar é uma ponte mágica entre o concreto e o abstrato. É uma maneira lúdica de explorar o mundo, processar experiências e criar conexões. Quase como nos sonhos, onde fragmentamos os acontecimentos do dia para dar-lhes novos significados.

Mas será que brincar precisa seguir o padrão idealizado das propagandas de brinquedos dos anos 80 e 90? Certamente não. Brincar é divertir-se, entreter-se, e criar vínculos de forma espontânea.

Agora, vamos pensar em uma família atípica.

O que significa ser atípico? 
O autismo é um transtorno de base genética com forte prevalência hereditária (1). Isso significa que, em muitas famílias, pais de crianças autistas também podem ser autistas ou apresentar condições geneticamente relacionadas, como TDAH, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtornos motores, entre outros.

Muitas vezes, esses pais podem não ter um diagnóstico formal, mas exibem traços ou sintomas que tornam sua vivência e suas interações únicas. Estamos falando de famílias atípicas, com dinâmicas igualmente atípicas – e isso é parte da beleza e do desafio.

Quando brincar vira julgamento 
Quando um terapeuta diz que “os pais não sabem brincar com seus filhos autistas”, essa afirmação carrega um peso enorme. Mesmo sem intenção, pode soar como uma crítica direta à família, sugerindo que eles não têm momentos de diversão ou que a forma como se conectam é inadequada.

Esse pensamento muitas vezes nasce de ensinamentos desatualizados, reforçados por uma sociedade que valoriza excessivamente a normalização de comportamentos.

No entanto, brincar não precisa seguir um manual. Nas famílias atípicas, brincar pode assumir formas inesperadas, mas igualmente valiosas: 
– Um momento de risadas durante uma rotina repetitiva. 
– Compartilhar o interesse da criança por algo específico e fascinante para ela. 
– Explorar juntos um mundo que faz sentido para aquela família.

Como os profissionais podem apoiar as famílias 
A verdadeira função de um terapeuta não é padronizar interações familiares, mas ajudar a melhorar a qualidade de vida do aprendiz e de sua família. Para isso, é essencial: 
1. Valorizar o que já funciona: Antes de propor mudanças, reconhecer as interações positivas já existentes na família. 
2. Entender a dinâmica familiar: Realizar uma anamnese estruturada que revele os valores, desafios e alegrias únicos daquela família. 
3. Ensinar com respeito: Oferecer alternativas para lidar com dificuldades, sem invalidar ou desmerecer a forma como a família se conecta.

Vivemos na era da padronização 
As redes sociais frequentemente amplificam a busca por comportamentos “normais”. Mas a vida real não é um feed perfeito – especialmente para famílias atípicas.

Profissionais precisam olhar além do ideal social e enxergar o que realmente importa: a conexão genuína e o bem-estar da família. Brincar, em qualquer formato, é um ato de amor, e ele acontece nas formas mais inesperadas, mesmo nas famílias mais atípicas.

Referência 
(1) Sandin, S., et al. (2019). The heritability of autism spectrum disorder. JAMA Psychiatry. Disponível em: [JAMA Psychiatry](https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry)

Marcos de Desenvolvimento dos 0 aos 6 Anos no TEA: O Que Observar e Como Apoiar

Os primeiros anos de vida são marcados por mudanças rápidas e significativas no desenvolvimento infantil. Para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), os marcos de desenvolvimento podem seguir trajetórias únicas, exigindo atenção cuidadosa dos pais e profissionais. Hoje, vamos explorar o que observar nos primeiros anos e como oferecer o suporte necessário para promover o crescimento.

O que são marcos de desenvolvimento?
Marcos de desenvolvimento são habilidades ou comportamentos típicos que a maioria das crianças apresenta em uma determinada faixa etária. Eles estão relacionados a áreas como:
Socialização e comunicação: Responder a sorrisos, apontar para objetos, falar as primeiras palavras.
Habilidades motoras: Sentar sem apoio, engatinhar, andar.
Cognição: Brincar de faz de conta, resolver problemas simples.

No TEA, esses marcos podem ser alcançados de maneira diferente ou em tempos distintos.

Marcos de desenvolvimento dos 0 aos 6 anos no TEA

0 a 12 meses
– Interesse reduzido por rostos e interações.
– Pouca ou nenhuma imitação de sons ou gestos.
– Ausência de balbucio típico.

1 a 2 anos
– Dificuldade em apontar ou mostrar objetos para compartilhar interesse.
– Falta de resposta ao próprio nome.
– Pouco interesse em brincadeiras sociais, como esconde-esconde.

3 a 4 anos
– Preferência por brincar sozinho, com dificuldade em interagir com outras crianças.
– Discurso repetitivo ou ecolalia.
– Interesse intenso e restrito por objetos ou temas específicos.

5 a 6 anos
– Dificuldade em entender conceitos abstratos, como sentimentos.
– Problemas com habilidades motoras finas, como segurar um lápis.
– Resistência a mudanças na rotina.

Como apoiar o desenvolvimento?
O suporte precoce é essencial para crianças com TEA. Algumas estratégias incluem:

1. Intervenção precoce
Programas baseados em evidências, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), ajudam a desenvolver habilidades sociais, comunicativas e motoras desde cedo.

2. Estimulação sensorial e brincadeiras
Criar um ambiente rico em estímulos que respeite as sensibilidades sensoriais da criança.

3. Parceria com profissionais
Trabalhe com uma equipe interdisciplinar para identificar e abordar áreas de dificuldade.

4. Envolvimento familiar
Pais e cuidadores desempenham um papel crucial. Reforce os aprendizados das terapias no dia a dia.

Cada criança tem seu próprio ritmo
Lembre-se de que cada criança é única. Os marcos de desenvolvimento são referências, não regras. Com o suporte certo e o acompanhamento adequado, é possível criar um ambiente onde a criança possa alcançar seu potencial e construir uma vida plena.

Se você tem dúvidas sobre o desenvolvimento de seu filho ou conhece alguém que pode se beneficiar desse conteúdo, compartilhe esta mensagem. A informação é um dos maiores aliados na jornada do TEA!

Referências
– Genial Care. Intervenção precoce no autismo: benefícios e estratégias. Disponível em: [genialcare.com.br](https://genialcare.com.br/blog/intervencao-precoce-autismo/)
– Ninhos do Brasil. Marcos do desenvolvimento infantil. Disponível em: [ninhosdobrasil.com.br](https://www.ninhosdobrasil.com.br/marcos-do-desenvolvimento-infantil)

Questões Sensoriais em Meninos e Meninas Autistas: Diferenças e Impactos no Diagnóstico e Terapia

Quando falamos de autismo, um dos aspectos mais intrigantes e desafiadores são as questões sensoriais. Essas experiências podem variar significativamente entre meninos e meninas, influenciando tanto o diagnóstico quanto as estratégias de intervenção.

O que são questões sensoriais no autismo?
As questões sensoriais referem-se à forma como o cérebro processa estímulos do ambiente. Isso pode incluir uma hiper-responsividade (reagir intensamente a estímulos como luz, som ou textura) ou uma hipo-responsividade (falta de reação a esses mesmos estímulos).

Indivíduos autistas frequentemente enfrentam desafios relacionados a:
– Sons altos e inesperados.
– Texturas de roupas ou alimentos.
– Luzes brilhantes ou piscando.
– Contato físico, como abraços.

Diferenças entre meninos e meninas
Estudos mostram que meninos e meninas podem apresentar questões sensoriais de formas distintas.
Meninos tendem a demonstrar uma maior hiperatividade sensorial, reagindo intensamente a sons altos ou toques inesperados.
Meninas, por outro lado, frequentemente apresentam hipo-responsividade, como não reagir a estímulos sonoros ou táteis, o que pode passar despercebido no diagnóstico.

Além disso, meninas são mais propensas a mascarar seus sintomas, o que pode dificultar a identificação de desafios sensoriais. Elas podem, por exemplo, tentar imitar colegas ou se isolar discretamente para evitar situações que as sobrecarreguem.

Impactos no diagnóstico
Essas diferenças podem levar a um subdiagnóstico em meninas, já que os critérios muitas vezes se baseiam em padrões mais comuns observados em meninos. Isso reforça a importância de uma abordagem clínica que leve em consideração as nuances de gênero.

Como a terapia pode ajudar?
Abordagens sensoriais adaptadas são fundamentais. Aqui estão algumas estratégias:
Integração Sensorial: Técnicas que ajudam a criança a processar estímulos de forma mais eficiente.
Criação de ambientes sensoriais seguros: Evitar sobrecargas e criar espaços onde a criança se sinta confortável.
Observação e personalização: Cada criança é única. É essencial observar quais estímulos causam desconforto e adaptar as intervenções a essas necessidades.

O papel do terapeuta e da família
Os terapeutas têm um papel essencial em identificar e abordar questões sensoriais. Já as famílias podem contribuir criando rotinas e ambientes que respeitem essas sensibilidades. No caso das meninas, a atenção deve ser redobrada, pois seus sintomas podem ser mais sutis e requerem observação detalhada.

Conclusão
Questões sensoriais no autismo são complexas e variam entre meninos e meninas. Entender essas diferenças é crucial para melhorar o diagnóstico e a intervenção. Se você é terapeuta ou familiar, continue aprendendo e adaptando estratégias para oferecer o suporte que cada criança merece.

Referências Científicas
1. Supekar, K., & Menon, V. (2015). Sex differences in autism spectrum disorder: Evidence from neuroimaging. Autism Research, 8(5), 521-536.
2. Collin, S. E., & Davies, C. R. (2018). Sex differences in sensory subtypes in autism. Journal of Autism and Developmental Disorders, 48(7), 2356-2372.
3. Schaaf, R. C., & Lane, S. J. (2015). Toward a best-practice protocol for assessment of sensory features in autism spectrum disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders, 45(5), 1380-1395.

Se você quer aprofundar seu conhecimento em autismo, questões sensoriais e outras áreas, conheça a Liga Autismos Premium, onde exploramos temas como esse em profundidade.

Como Identificar e Superar o Burnout com o Apoio de Técnicas Comportamentais

Você tem se sentido esgotado, sem energia e desmotivado? Burnout não é apenas “cansaço”. É uma condição séria que precisa de atenção.

O Burnout, segundo a Organização Mundial da Saúde, é uma síndrome resultante do estresse crônico no trabalho que não foi gerenciado adequadamente. Os principais sintomas incluem:
Exaustão emocional: você se sente drenado, sem energia, mesmo após descansar.
Despersonalização: um distanciamento emocional, onde tarefas e pessoas parecem perder o significado.
Baixa realização pessoal: dificuldade em encontrar valor no que você faz.

Você pode estar enfrentando Burnout?
Aqui estão algumas perguntas reflexivas:
1. Você tem sentido um cansaço extremo, mesmo após descansar?
2. Percebe que perdeu a motivação pelo trabalho ou atividades importantes?
3. Tem dificuldades de concentração e produtividade?
4. Sente que está sobrecarregado constantemente?

Se respondeu sim a pelo menos três dessas perguntas, talvez seja hora de buscar ajuda profissional.

Como as técnicas comportamentais podem ajudar?
Uma abordagem baseada na Análise do Comportamento pode ser poderosa para gerenciar e superar o Burnout. Aqui estão alguns exemplos:
Rastreamento de comportamento: Identifique padrões que antecedem a exaustão e intervenha antes que a situação piore.
Reforço positivo: Recompense pequenos progressos no trabalho ou na rotina diária para reconstruir a motivação.
Análise funcional: Compreenda os gatilhos ambientais e pessoais do estresse para adaptá-los ou eliminá-los.

Se você é terapeuta, pode aprender mais sobre como adaptar essas técnicas para ajudar seus clientes na Liga Autismos Premium. E se você está enfrentando essa situação, procure um médico ou terapeuta para iniciar sua jornada de recuperação.

Burnout é sério, mas é possível superá-lo. Você merece viver com equilíbrio e bem-estar!

Técnicas da Análise do Comportamento para Transtorno de Pânico

Você sabia que a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) não é apenas para o autismo? Vou compartilhar algo pessoal: eu mesma já passei por um quadro de Transtorno de Pânico, e posso afirmar que é devastador.

Segundo o DSM-5, o Transtorno de Pânico é caracterizado por ataques de pânico recorrentes e inesperados. Esses episódios são marcados por uma sensação intensa de medo ou desconforto, acompanhada de sintomas como palpitações, sudorese, tremores, falta de ar e aquele terrível medo de “perder o controle” ou “enlouquecer”. Para receber o diagnóstico, esses ataques precisam ser seguidos por pelo menos um mês de preocupação constante com novos episódios ou mudanças nos comportamentos devido ao medo de tê-los novamente.

No meu caso, foi uma das fases mais difíceis da minha vida. Mas eu consegui sair desse buraco – e a ABA foi a minha aliada.

Como usei a ABA para enfrentar o Transtorno de Pânico

Tudo começou com a medição. Para entender a frequência dos ataques e criar uma linha de base, precisei rastrear os episódios de forma simples e eficiente. Então, tive uma ideia prática: comecei a usar apenas calças com quatro bolsos e carregava pedaços de papel comigo.

Cada bolso representava um estágio:

– O bolso da frente à direita era reservado para momentos em que consegui interromper o ataque usando técnicas de reforço diferencial.
– Os bolsos de trás registravam os comportamentos que antecederam o ataque propriamente dito.

Com essa estratégia, rastreei a cadeia comportamental por trás dos ataques e identifiquei padrões. Isso me permitiu intervir de maneira mais eficiente e, com o tempo, reduzir consideravelmente a frequência dos episódios. Hoje, eles são raríssimos!

Cada pessoa é única – e a abordagem também

No meu caso, como sou da área de análise do comportamento, consegui adaptar essas técnicas para a minha realidade. Mas, se você é profissional da área, saiba que individualizar a abordagem para cada pessoa é essencial. Na Liga Autismos Premium e na PRO, ensino detalhadamente como aplicar esses conceitos em diferentes contextos.

Se você está enfrentando o Transtorno de Pânico, procure ajuda!

Não enfrente isso sozinho. Um médico e um terapeuta podem te ajudar a recuperar sua qualidade de vida. O Transtorno de Pânico é paralisante, mas você não precisa viver assim. Você merece muito mais.

Se quiser conhecer mais sobre como a ABA pode ajudar em situações como essa – ou se ficou curioso sobre o meu trabalho –, me acompanhe em https://instagram.com/dani.acf e também conheça os meus cursos na Liga Autismos. Um grande abraço e fique bem.

6 fatores para o mudança do efeito de antipsicóticos de uso contínuo

O uso de antipsicóticos muito usado no autismo para ajudar nas intervenções para irritabilidade, comportamentos agressivos e impulsividade, mas há fatores que podem influenciar a eficácia desses medicamentos ao longo do tempo.

A resposta ao antipsicótico pode diminuir ou se tornar instável devido a uma combinação de aspectos relacionados ao desenvolvimento humano, mudanças fisiológicas, metabolismo, hormônios e interações medicamentosas.

1. Fatores do Desenvolvimento Humano

À medida que a criança ou adolescente cresce, seu desenvolvimento cerebral e físico pode alterar a forma como o organismo responde ao medicamento. O desenvolvimento de novas conexões neurais e mudanças na maturação dos neurotransmissores, como dopamina e serotonina, podem interferir na resposta ao antipsicótico. Essa plasticidade cerebral, natural do desenvolvimento humano, pode fazer com que doses que antes eram eficazes passem a ser insuficientes ou inapropriadas.

2. Mudanças no Corpo: Peso e Metabolismo

O ganho de peso é um efeito colateral comum de antipsicóticos, principalmente os atípicos (como risperidona e aripiprazol), devido à alteração no metabolismo lipídico e glicídico. A variação no peso corporal influencia diretamente a distribuição e o metabolismo da medicação, uma vez que doses inicialmente calculadas podem se tornar inadequadas para um corpo em crescimento ou que passa por ganho significativo de massa. Além disso, mudanças no metabolismo hepático, causadas pelo crescimento ou outros fatores, podem acelerar ou retardar a metabolização do antipsicótico, reduzindo sua eficácia.

3. Alterações Hormonais

Durante a puberdade, mudanças hormonais significativas afetam o sistema nervoso central, impactando os neurotransmissores que estão diretamente ligados à ação dos antipsicóticos. A elevação de hormônios como testosterona, estradiol e cortisol pode modificar a sensibilidade dos receptores dopaminérgicos e serotoninérgicos. Esse fenômeno pode resultar em maior resistência ao medicamento ou em uma necessidade de ajuste na dose para compensar tais alterações.

4. Interação com Outros Medicamentos

A polifarmácia, comum em pessoas com autismo que apresentam comorbidades (como TDAH, ansiedade, epilepsia ou distúrbios do sono), pode interferir na ação dos antipsicóticos. Medicamentos como anticonvulsivantes, antidepressivos e ansiolíticos podem competir pelo metabolismo hepático, alterando a biodisponibilidade do antipsicótico no organismo. Enzimas do citocromo P450, principalmente no fígado, são responsáveis pelo metabolismo de muitos medicamentos; portanto, substâncias que inibem ou induzem essas enzimas podem diminuir ou aumentar a concentração do antipsicótico no sangue.

5. Adesão ao Tratamento e Resistência Tolerada

Com o uso prolongado de antipsicóticos, o organismo pode desenvolver uma “tolerância farmacológica”, ou seja, uma redução na resposta ao mesmo medicamento e dose. Esse fenômeno pode ser fisiológico ou relacionado à falta de adesão consistente ao tratamento, resultando em níveis irregulares da medicação no organismo. A resposta ao medicamento pode ser afetada pela falta de regularidade no horário de administração, pela alteração de rotina ou por interrupções no tratamento.

6. Condições Fisiológicas e de Saúde

Condições que afetam o fígado, os rins ou o trato gastrointestinal podem interferir na absorção, metabolização e excreção do antipsicótico. Doenças inflamatórias ou infecções também podem modificar temporariamente a eficácia do medicamento. Além disso, deficiências nutricionais e o uso de suplementos alimentares (como vitaminas ou probióticos) devem ser monitorados, pois podem interagir com a medicação.

Diante de todos esses fatores, o acompanhamento regular com a equipe médica é essencial para ajustar doses, avaliar interações medicamentosas e considerar alternativas terapêuticas quando necessário.

Perguntas essenciais numa anamnese

Se você acha que sua criança tem atraso de desenvolvimento e já marcou uma consulta com médico ou terapeuta. Lembre de relatar os seguintes pontos na anamnese:

* Como foi a gestação e o nascimento?
* Sua criança seguiu os marcos de desenvolvimento contidos no caderno da criança? Aquele livrinho da vacinação.
* Quando sua criança está interessada em algo? Ela divide com você este interesse?
* Sorri quando te vê para ter mais atenção?
* Foi um bebê tranquilo demais ou que demandava demais?
* Sua criança demonstra interesse em outras crianças além dos familiares?
* O que faz sua criança sorrir?
* O que normalmente a faz chorar?
* Ela come alimentos variados?
* Ela faz algo de forma repetitiva?
* Como são os momentos do banho, escovar os dentes e vestuário
* Como é o sono?
* Tem algum comportamento autolesivo ou heteroagressivo?