Os pais não sabem brincar com seus filhos autistas. Será mesmo?

Brincar é uma ponte mágica entre o concreto e o abstrato. É uma maneira lúdica de explorar o mundo, processar experiências e criar conexões. Quase como nos sonhos, onde fragmentamos os acontecimentos do dia para dar-lhes novos significados.

Mas será que brincar precisa seguir o padrão idealizado das propagandas de brinquedos dos anos 80 e 90? Certamente não. Brincar é divertir-se, entreter-se, e criar vínculos de forma espontânea.

Agora, vamos pensar em uma família atípica.

O que significa ser atípico? 
O autismo é um transtorno de base genética com forte prevalência hereditária (1). Isso significa que, em muitas famílias, pais de crianças autistas também podem ser autistas ou apresentar condições geneticamente relacionadas, como TDAH, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtornos motores, entre outros.

Muitas vezes, esses pais podem não ter um diagnóstico formal, mas exibem traços ou sintomas que tornam sua vivência e suas interações únicas. Estamos falando de famílias atípicas, com dinâmicas igualmente atípicas – e isso é parte da beleza e do desafio.

Quando brincar vira julgamento 
Quando um terapeuta diz que “os pais não sabem brincar com seus filhos autistas”, essa afirmação carrega um peso enorme. Mesmo sem intenção, pode soar como uma crítica direta à família, sugerindo que eles não têm momentos de diversão ou que a forma como se conectam é inadequada.

Esse pensamento muitas vezes nasce de ensinamentos desatualizados, reforçados por uma sociedade que valoriza excessivamente a normalização de comportamentos.

No entanto, brincar não precisa seguir um manual. Nas famílias atípicas, brincar pode assumir formas inesperadas, mas igualmente valiosas: 
– Um momento de risadas durante uma rotina repetitiva. 
– Compartilhar o interesse da criança por algo específico e fascinante para ela. 
– Explorar juntos um mundo que faz sentido para aquela família.

Como os profissionais podem apoiar as famílias 
A verdadeira função de um terapeuta não é padronizar interações familiares, mas ajudar a melhorar a qualidade de vida do aprendiz e de sua família. Para isso, é essencial: 
1. Valorizar o que já funciona: Antes de propor mudanças, reconhecer as interações positivas já existentes na família. 
2. Entender a dinâmica familiar: Realizar uma anamnese estruturada que revele os valores, desafios e alegrias únicos daquela família. 
3. Ensinar com respeito: Oferecer alternativas para lidar com dificuldades, sem invalidar ou desmerecer a forma como a família se conecta.

Vivemos na era da padronização 
As redes sociais frequentemente amplificam a busca por comportamentos “normais”. Mas a vida real não é um feed perfeito – especialmente para famílias atípicas.

Profissionais precisam olhar além do ideal social e enxergar o que realmente importa: a conexão genuína e o bem-estar da família. Brincar, em qualquer formato, é um ato de amor, e ele acontece nas formas mais inesperadas, mesmo nas famílias mais atípicas.

Referência 
(1) Sandin, S., et al. (2019). The heritability of autism spectrum disorder. JAMA Psychiatry. Disponível em: [JAMA Psychiatry](https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry)

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